Imagine acordar em um café desconhecido, em uma cidade que você nunca visitou, com o dia inteiro pela frente e a liberdade de decidir para onde ir, o que fazer e com quem conversar. Viajar sozinho pode ser uma das experiências mais transformadoras da vida — mas também uma das mais desafiadoras, especialmente quando o assunto é segurança.
Nos últimos anos, o número de viajantes solos cresceu exponencialmente. Segundo dados da Booking.com (2023), mais de 60% dos viajantes globais já consideraram ou realizaram uma viagem solo. No entanto, junto com essa liberdade vem a responsabilidade de se proteger — e essa preocupação varia bastante entre homens e mulheres, jovens e adultos, ou até mesmo entre destinos urbanos e rurais.
Neste artigo, vamos explorar recomendações práticas, realistas e adaptáveis para quem quer aproveitar ao máximo uma viagem solo, sem abrir mão da segurança. Abordaremos desde o planejamento pré-viagem até dicas de comportamento no destino, com foco em como homens e mulheres podem se preparar de forma inteligente. Seja você um aventureiro de primeira viagem ou um nômade experiente, essas orientações vão te ajudar a viajar com mais confiança e tranquilidade.
1. Planejamento: a base da segurança em qualquer viagem
Antes mesmo de colocar os pés fora de casa, a segurança começa com um bom planejamento. Muitos viajantes subestimam essa etapa, achando que “dar um jeito no caminho” é parte da aventura. Embora a espontaneidade tenha seu charme, saber o básico sobre seu destino pode evitar situações perigosas.
Comece pesquisando o perfil de segurança do local: quais bairros são considerados seguros? Há restrições para estrangeiros? Qual é o horário limite para andar nas ruas? Sites como o Ministério das Relações Exteriores do Brasil (gov.br) ou o Travel.State.Gov (dos EUA) oferecem alertas oficiais sobre riscos políticos, sanitários e de segurança em tempo real.
Além disso, compartilhe seu itinerário com alguém de confiança — um amigo, familiar ou colega. Não precisa ser minuto a minuto, mas um roteiro geral com datas, hospedagens e contatos locais pode ser vital em caso de emergência. Apps como Google Maps ou WhatsApp permitem compartilhar sua localização em tempo real, uma ferramenta simples, mas poderosa.
Por fim, faça cópias digitais de documentos importantes: passaporte, visto, seguro viagem e cartões. Armazene-os em um e-mail ou em um drive seguro. Em caso de perda ou roubo, isso acelera muito os trâmites burocráticos.
Dica prática: Baixe mapas offline do Google Maps antes de viajar. Isso evita que você precise ficar procurando sinal em áreas desconhecidas — e chamar atenção por parecer perdido.
2. Escolha consciente de hospedagem e transporte

A hospedagem não é apenas onde você dorme — é seu porto seguro. Escolher um lugar bem localizado, com boas avaliações e políticas claras de segurança faz toda a diferença. Plataformas como Booking, Hostelworld ou Airbnb permitem filtrar por “avaliações de segurança”, “recepção 24h” ou “trancas nas portas”.
Mulheres viajantes, em especial, devem prestar atenção a detalhes como:
- Existência de dormitórios femininos em hostels;
- Iluminação do entorno à noite;
- Presença de câmeras de segurança ou porteiro.
Já homens, embora enfrentem riscos diferentes, também precisam estar atentos. Em alguns países, turistas do sexo masculino podem ser alvo de golpes ou abordagens agressivas, especialmente se estiverem em bares ou zonas turísticas movimentadas.
Quanto ao transporte, evite pegar táxis não regulamentados. Prefira apps como Uber, Bolt ou serviços oficiais do aeroporto. Se for usar transporte público, estude os horários e rotas com antecedência. Chegar a um ponto de ônibus vazio à meia-noite pode ser arriscado — mesmo em cidades consideradas seguras.
História real: Julia, de São Paulo, contou que, ao chegar sozinha em Istambul, usou um app de táxi verificado pelo hostel. “Foi a melhor decisão. O motorista falava inglês, sabia exatamente onde eu ia e me deixou na porta. Me senti segura desde o primeiro minuto.”
3. Comportamento no destino: equilíbrio entre abertura e cautela
Viajar sozinho é uma ótima oportunidade para conhecer pessoas novas — mas a gentileza não precisa abrir mão da prudência. Um erro comum é confiar demais em desconhecidos logo nos primeiros minutos de conversa, especialmente em bares, festivais ou hostels.
Isso não significa que você deva ser desconfiado o tempo todo. Apenas mantenha limites saudáveis. Por exemplo:
- Evite revelar que está sozinho(a) para estranhos;
- Não aceite caronas ou convites para sair de locais públicos sem pensar duas vezes;
- Se for jantar com alguém novo, escolha um restaurante movimentado, não um lugar isolado.
Mulheres frequentemente enfrentam assédio verbal ou físico em viagens — algo que, infelizmente, ainda é comum em muitos destinos. Aprender frases firmes em inglês ou no idioma local (“Não, obrigada”, “Estou bem, sozinha”) pode ajudar a afastar situações incômodas. Em alguns países, usar uma aliança falsa ou dizer que está “esperando o marido” pode ser uma tática eficaz para evitar abordagens indesejadas.
Já os homens devem estar atentos a golpes financeiros ou convites para “negócios rápidos”. Em cidades como Bangkok, Buenos Aires ou Cidade do Cabo, há relatos de turistas homens sendo convidados para jogos de cartas ou “festas VIP” que terminam em extorsão.
Analogia útil: Viajar sozinho é como dançar — você pode se entregar à música, mas sempre com um pé no chão. Abra-se ao novo, mas mantenha sua bússola interna funcionando.
4. Tecnologia e comunicação: seus aliados invisíveis
Em pleno século XXI, a tecnologia é uma das maiores aliadas do viajante solo. Além dos mapas offline e compartilhamento de localização, existem apps específicos para segurança em viagens:
- TripWhistle Global SOS: oferece números de emergência locais (polícia, ambulância, consulado) com um toque;
- Noonlight: permite acionar ajuda apenas segurando um botão — ideal para situações em que você não pode falar;
- WhatsApp ou Telegram: mantenha contato regular com alguém no Brasil. Uma mensagem diária do tipo “Tudo certo!” já tranquiliza quem está longe.
Além disso, evite postar em tempo real nas redes sociais. Mostrar que está em um mirante deserto às 18h pode parecer inofensivo, mas sinaliza a estranhos que você está sozinho e vulnerável. Espere para postar quando já estiver de volta ao hotel.
Outro ponto crucial: tenha um chip local ou eSIM. Ficar sem internet pode parecer “desconectar”, mas em emergências, a conectividade salva vidas. Serviços como Airalo ou Holafly oferecem planos acessíveis para mais de 190 países.
Exemplo prático: Rafael, engenheiro do Rio, usou o Noonlight durante uma caminhada noturna em Lisboa. Ao sentir que estava sendo seguido, ativou o app — e a polícia local foi notificada automaticamente. “Nada aconteceu, mas saber que tinha um botão de pânico me deu paz de espírito.”
5. Autoconhecimento e intuição: o GPS mais confiável

Mais do que qualquer app ou dica, sua intuição é seu melhor guia. Muitos viajantes ignoram aquele “frio na barriga” por medo de parecerem exagerados. Mas o corpo costuma captar sinais antes da mente — e vale a pena ouvi-lo.
Pergunte-se:
- Este lugar me deixa confortável?
- Essa pessoa está sendo insistente demais?
- Estou me sentindo pressionado(a) a fazer algo que não quero?
Se a resposta for “não” ou “talvez”, confie em si mesmo(a). Você tem todo o direito de mudar de planos, recusar um convite ou voltar para o hotel mais cedo. Viajar sozinho não é sobre provar coragem — é sobre autonomia com responsabilidade.
Além disso, conheça seus limites físicos e emocionais. Viajar cansado, doente ou emocionalmente fragilizado aumenta a vulnerabilidade. Não há vergonha em reservar um dia de descanso ou pedir ajuda no hostel.
Reflexão final: A verdadeira liberdade em uma viagem solo não está em ir a qualquer lugar, mas em saber que você pode cuidar de si mesmo(a) em qualquer lugar.
Conclusão
Viajar sozinho é um ato de coragem, curiosidade e autoconfiança. Mas, como vimos, segurança não é sinônimo de medo — é sinônimo de preparo. Desde o planejamento cuidadoso até o uso inteligente da tecnologia, passando pela escuta atenta da própria intuição, cada passo conta.
Homens e mulheres enfrentam desafios distintos, mas ambos se beneficiam das mesmas práticas: informação, comunicação, limites claros e respeito por si mesmos. Não se trata de viver com paranoia, mas de viajar com consciência — e isso só amplia a experiência, em vez de limitá-la.
Se você está pensando em sua primeira viagem solo, comece com um destino próximo, de fácil acesso e com boa infraestrutura. Se já é um viajante experiente, use essas dicas para refinar ainda mais sua abordagem. Afinal, o mundo é vasto, lindo e cheio de encontros — e você merece explorá-lo com segurança e alegria.
E você? Já viajou sozinho(a)? Quais foram suas maiores lições ou medos superados? Compartilhe sua história nos comentários — sua experiência pode inspirar outros leitores a darem o primeiro passo!

Fernando Oliveira é um entusiasta por viagens e gastronomia, explorando novos destinos e restaurantes em busca de experiências únicas. Apaixonado por liberdade financeira e alto desempenho, ele alia disciplina e curiosidade para viver de forma plena, cultivando hábitos que impulsionam seu crescimento pessoal e profissional enquanto desfruta do melhor que o mundo tem a oferecer.






